sábado, 6 de fevereiro de 2010

passado, mas presente.

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Cair. Cair mais do que uma vez - às vezes é necessário. Bater bem lá no fundo, sentir o chão gelar o corpo.
Por vezes vale a pena chorar, quantificar a dor, sofrer. Sofrer mesmo muito. Ser sensível ao ponto de sentir o peso dos enganos, dos erros, das mentiras - do tempo perdido.
Ofendemos, agredimos. Há alturas em que é preciso não saber o que fazer, o que dizer, o que pensar. Agir. Só agir.
Até que ponto? Até que ponto temos de errar e de deixar que os outros errem? De magoar e de sermos magoados, traídos e enganados? Até que ponto temos de ir fundo? De ser usados, humilhados? De ir assim tão longe?
Não é preciso passar assim tanto tempo para vermos o quão errados estamos, fomos, somos. Quanto mal fizemos. Quanto mal deixámos que nos fizessem. A quantidade de asneiras que nos persegue. Dias, semanas, meses. Às vezes, anos.
Qualquer tempo. Um estado de espírito. É sempre uma questão de tempo, de pontos de vista, de princípios - ou da falta deles -, de dignidade. Orgulho, talvez. É, sobretudo, uma questão de posicionamento, de lugar na plateia. De ter as pessoas certas no momento correcto e no tempo exacto.
Sinceridade e uma mão na consciência - o suficiente para nos fazer sentir sujos, falsos, traidores, estranhos, não merecedores, pessoas incompletas. Quem sabe, arrependidos.

Nunca ninguém deveria escrever textos de amor. Poemas. Meias declarações. Fazem-nos voltar atrás no tempo, viver tudo de novo, sofrer com o - agora tão visível - engano. Fazem-nos sentir ainda mais pesados, mais culpados, mais enganados, ainda mais traídos.
Podemos falar, dizer o que pensamos. Mas escrever, passar para o papel, imortalizar os sonhos e os sentimentos, isso não.
Às vezes mais vale calar o que se sente. Conter. Não deixar fugir. Torna-se uma questão de sobrevivência.
Não há amantes eternos, apenas existem momentos de amor. E é essa a verdade sobre a verdade: dói. Por isso, mentimos. Mentimos a nós próprios e aos outros.
É então que surge a negação, a incerteza, o medo, a confusão. A tristeza, talvez. Será tarde demais?

(11.Fevereiro.2007 - adaptado)

3 comentários:

  1. Tendo em quanto o tempo que já passou, tenho de dizer que também me deixei levar pela doce banalidade daquele texto, Sofi.
    E não sabe tão bem, por um lado?

    Quando tu dizes "não há amantes eternos, apenas existem momentos de amor." não podia deixar de estar de acordo contigo. E isto dói imenso.

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